Esse belíssimo afresco milagroso representando Nossa Senhora, atravessou o Mar Adriático de Scutari, na Albânia, para Genazzano, cerca de Roma, fugindo da invasão dos muçulmanos.
Nos tempos primitivos, na pequena cidade de Genazzano, havia sido construído um templo consagrado à deusa pagã, Venus. Muito tempo depois, com o advento do cristianismo, o papa São Marcos (ano 336), mandou construir, não distante das ruínas desse templo, uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Bom Conselho.
Com o tempo, esse pequeno templo, que fora confiado em 1356 aos frades agostinianos, começou a se deteriorar, de tal forma que se temia que desabasse. Isso coincidia com o esmorecimento da devoção a Nossa Senhora no povo local. Por isso, ninguém pensava em restaurá-lo.
Quer dizer, quase ninguém, pois havia na cidade uma piedosa viúva, Petruccia de Geneo, muito devota da Virgem, e que sentiu-se inspirada a reconstruir a igreja. Confiando em Nossa Senhora, contratou trabalhadores e construtores, e começou a levantar as paredes do templo, confiando para isso nas esmolas dos fiéis.
Mas elas eram poucas, pois nem todos se entusiasmaram com a idéia. Então, começaram a escassear-se os dons, e muitos passaram a criticar a temeridade de Petruccia.
Foi quando ocorreu um glorioso milagre que iria, não só recompensar a fé da fiel viúva, mas mostrar como fora do agrado do céu sua iniciativa.
Durante as festividades em honra de São Marcos, 25 de abril de 1467, muitos dos habitantes de Genazzano, reunidos na praça da cidade, repararam no límpido céu azul, uma nuvem que se movia, e pairou exatamente sobre a construção inacabada de Petruccia. Abrindo-se, em seu centro surgiu uma extraordinária pintura da Virgem com o Menino.
Imediatamente todos os sinos da cidade começaram a tocar por si sós. A pintura milagrosa desceu, e pairou diante de uma das paredes da construção da igreja.
De onde teria vindo tão extraordinária pintura? Ninguém sabia, mas o fato é que, por sua intercessão, muitas graças começaram a chover sobre os que a Ela recorriam. Em apenas quatro meses, nos anais da igreja de Genazzano, 171 milagres foram relatados.
Como o quadro da Virgem havia sido trazido pelos anjos, os fiéis passaram a chamá-la de Nossa Senhora do Paraíso, ou Nossa Senhora dos Milagres.
Ora, ocorreu então que dois forasteiros, ouvindo falar da maravilhosa aparição, acorreram a Genazzano. Eram eles albaneses, e contaram uma história maravilhosa: naquela mesma noite em que a pintura aparecera em Genazzano, indo eles ao santuário de Nossa Senhora do Bom Conselho em Scutari, na Albânia, para dela despedir-se para deixar o país, caído nas mãos dos muçulmanos, viram estupefatos o milagroso ícone desprender-se da parede e, elevando-se ao céu, dirigir-se em direção ao mar. Por inspiração divina, começaram a segui-lo de modo a, milagrosamente, atravessarem a pé o Mar Adriático, que separa a Albânia da Itália.
Chegados à Itália, a milagrosa pintura desapareceu. Os dois peregrinos começaram então a caminhar pelo país, em busca da tão querida Virgem. Ao ouvir falar dos acontecimentos de Genazzano, com alegria intuíram tratar-se da mesma Senhora de Scutari.
Encontrada, enfim Aquela que procuravam, os dois fiéis devotos da Virgem mudaram-se para junto da igreja, para estarem perto dela.
Quando, em Roma, o Santo Padre foi informado sobre a pintura e seus milagres, enviou dois bispos em comissão para examinar e estudar aqueles extraordinários acontecimentos. Depois de cuidadosa investigação, os dois bispos e o Papa se convenceram de que a pintura era verdadeiramente a mesma pintura de Nossa Senhora de Bom Conselho que, durante séculos, havia sido venerada no pequeno povoado de Scutari, na Albânia. O espaço vazio, com as dimensões exatas da imagem que surgira em Gennazzano, estava ainda plenamente visível naquela localidade.
A pintura, com espessura de casca de ovo, é um afresco, ou seja, foi pintada – segundo muitos, pelas mãos dos Anjos – diretamente sobre o reboco da parede da igreja de Scutari. Por isso, nenhum ser humano, por mais habilidoso que fosse, poderia tê-la removido da parede sem rompê-la. E nenhum ser humano poderia ter trazido algo tão frágil através do Mar Adriático, e colocado de pé, sem nenhuma sustentação, sobre a parede inacabada da igreja em Genazzano.
Muitos dos que têm visitado o quadro da Virgem em seu santuário, afirmam que Nossa Senhora muda continuamente de expressão, de maneira que pintores profissionais têm encontrado essa dificuldade para reproduzir o milagroso quadro.
Entre os vários ex-votos diante da imagem, havia uma súplica dos albaneses católicos: “O Mãe do Bom Conselho, voltai para seus filhos na Albânia”.