No Novo Testamento, Maria Madalena é mencionada entre as mulheres que acompanhavam a Cristo Jesus para prover às suas necessidades (Lc 8: 2-3), é dito que dela foram expulsos sete demônios (Mc 16: 9); que estava aos pés da cruz (Mc 15: 40; Mt 27: 56; Jo 19:25; Lc 23:49), que viu Jesus ser depositado no sepulcro, e foi a primeira testemunha relatada da ressurreição embora, segundo a maioria dos exegetas, Ele teria aparecido antes à Sua Mãe, sendo que os Evangelistas silenciam o fato pelo seu caráter privado.
Entretanto, os Padres Gregos num todo, distinguem três pessoas com esse nome:
– a pecadora, citada por São Lucas em 7: 26-50;
– a irmã de Marta e Lázaro (Lc 10:38-42 e Jo 11);
– e Maria Madalena, a que estava aos pés da Cruz.
Porém, os Padres Latinos vêem nas três a mesma Maria Madalena, a penitente. Entretanto, se tivéssemos apenas São Lucas para nos guiar, certamente não teríamos motivos para isso. Mas São João, em 11: 2, identifica claramente Maria de Betânia, com “aquela que ungiu os pés do Senhor” (cf. Mateus 26 e Marcos 14).
É concebível que São João, por estar escrevendo tanto tempo depois do evento, e quando Maria já estava morta, quisesse nos mostrar que ela era realmente a “pecadora”, da mesma forma que São Lucas pode ter velado sua identidade precisamente porque não queria difamar alguém que ainda vivia.
Na ceia na casa de Simão, o Leproso, Nosso Senhor fez dela o glorioso encômio: “Ela fez uma boa obra sobre Mim… Ao derramar este perfume sobre o Meu corpo, fez isso para Minha sepultura. Onde quer que este Evangelho seja pregado, também aquilo que ela fez será contado para uma lembrança dela” (Mc 14, 6-9). Depois disto, não é crível que esta Maria seja a mesma da que estava ao pé da cruz, e no túmulo de Cristo? É o que afirmam todos os evangelistas.
São João a chama de “Maria Madalena” em 19:25, 20: 1 e 20:18, e simplesmente de “Maria” em 20:11 e 20:16.
Numa passagem anterior do Novo Testamento, Maria e Marta haviam se voltado para “o Cristo, o Filho do Deus vivo”, e Ele lhes ressuscitou seu irmão Lázaro; pouco tempo depois, como vimos, na casa de Simão, Maria mais uma vez repetiu o ato que havia realizado quando penitente. Na Paixão, ela está sempre junto a Nossa Senhora perto de Nosso Senhor, que lhe apareceu logo depois da ressurreição sendo a primeira a ver Cristo ressuscitado.
Depois da Ressurreição, a Igreja Grega afirma que Madalena se retirou para Éfeso com a Santíssima Virgem, lá morreu, sendo suas relíquias transferidas para Constantinopla em 886, sendo lá preservadas. São Gregório de Tours (De miraculis, I, xxx) apóia essa afirmação.
No entanto, de acordo com venerável tradição francesa, Maria, Marta, Lázaro e alguns companheiros, chegaram a Marselha, e converteram toda a Provença.
Ela teria então se retirado para uma colina, La Sainte-Baume, perto dali, onde se entregou, durante trinta anos, a uma vida de penitência.
É esta a versão que parece aprovar o Martirológio Romano, pois diz neste dia: “Nas imediações de Marselha, na Gália, o natalício de Santa Maria Madalena, da qual o Senhor expeliu sete demônios. Ela mereceu ser a primeira a contemplar o Salvador ressuscitado dentre os mortos”.
Continua a tradição francesa que, quando chegou a hora de sua morte, Maria Madalena foi levada pelos anjos para o oratório de São Maximino, em Aix, onde recebeu o viático e expirou. Após sua morte, seu corpo foi colocado em um oratório construído por aquele santo em Villa Lata, depois chamada São Maximino.
Desse santo afirma o Martirológio no dia 8 de junho: “Em Aix, na Gália, São Maximino, primeiro bispo da cidade. Dele se diz que foi discípulo do Senhor”.
A história cala sobre as relíquias da santa até o ano de 745 quando, segundo o cronista Sigeberto, foram removidas para Vézelay por medo dos sarracenos. Nenhum registro é preservado de seu retorno, senão que, em 1279, quando Charles II, rei de Nápoles, ergueu um convento em La Sainte-Baume para os dominicanos, o santuário de São Maximino foi encontrado intacto. Uma inscrição nele declara que os restos mortais da santa foram ali escondidos por causa da invasão dos muçulmanos.
Em 1600, essas relíquias foram colocadas em um sarcófago enviado por Clemente VIII, com exceção da cabeça, que ficou em um vaso separado. Em 1814 a igreja de La Sainte-Baume, destruída durante a Revolução Francesa, foi restaurada; e em 1822 a gruta da Santa foi novamente consagrada. Nela está a cabeça de Maria Madalena, onde tem sido objeto de muitas peregrinações.