A vida desse monge tornou-se conhecida para a posteridade por São Gregório Magno, que o descreve em seus Diálogos. Segundo o grande Papa, Eleutério foi o fundador do mosteiro de São Marcos evangelista, na cidade de Espoleto, na Itália. Mas viveu muito tempo em Roma, onde travou amizade com São Gregório. Tinha tanta virtude que com suas orações ressuscitou um morto pois, como “era homem de enorme simplicidade e compunção”, como diz o Pontífice, “não há dúvida que lágrimas duma alma tão humilde e tão simples, muito podiam obter de Deus”.
Um dos miraculados pelo “santíssimo ancião”, como o chama São Gregório, foi o próprio Pontífice quando, “sofrendo eu muito dos órgãos centrais, com angústias freqüentes que me levavam a julgar-me em artigo de morte”, recorreu a Eleutério, que rogou por ele com lágrimas e suspiros, e o abençoou. “Ouvindo a sua bênção, o meu estômago recebeu tal força, que esqueceu totalmente a alimentação e a doença”, o que depois permitiu ao santo Pontífice ser capaz de jejuar por um dia completo. Diz São Gregório que isso o dispôs a acreditar nas maravilhas que se atribuíam à oração de Eleutério.
Outro de seus milagres, que ele contou com toda a simplicidade a São Gregório, foi sobre um menino possesso, que haviam levado para o mosteiro de umas virgens para ver se elas o podiam livrar do demônio. Passando por lá Santo Eleutério, elas lhe pediram que se encarregasse do possesso.
O santo o levou para seu mosteiro, e desde então o demônio parecia ter dele saído. O que levou Eleutério a ter uma certa complacência com isso, comentando que o demônio fazia pouco das irmãs. Mas que agora, tendo elas recorrido aos monges, ele não se atrevia a molestar mais o menino.
Pois foi isso que aconteceu, porque o pai da mentira voltou a molestar o possesso. Contrito, o santo pediu então a todos os monges que rezassem e fizessem jejum para que o demônio saísse do menino, o que finalmente ocorreu.
Sobre isso comenta São Gregório: “Eleutério teve um bocadinho de soberba; por isso quis Deus que os discípulos concorressem com o abade para esta libertação. Ele não poderia levar sozinho o poder do milagre, por isso repartiu-o com os demais irmãos”.
São Eleutério faleceu no início do século VII.