É de São Lucas, no Ato dos Apóstolos, capítulos VI e VII, que temos os dados desse herói da fé, o primeiro a dar a vida por Jesus Cristo na Nova Lei, sendo por isso chamado de Protomártir.

Eis como o Evangelista nos introduz esse Santo: “Estevão, cheio de graça e de poder, fazia prodígios e sinais grandes no meio do povo. Levantaram-se alguns da sinagoga chamada dos libertos, cirenenses e alexandrinos, e os da Cilícia e da Ásia, para discutir com Estevão. Mas não puderem resistir à sabedoria e ao espírito com que este falava. Então subornaram alguns homens que dissessem: Ouvimo-lo proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus. E excitaram o povo, os anciãos e os escribas e, chegando, agarraram-no e levaram-no perante o Sinédrio. Apresentaram-se testemunhas falsas que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras contra este lugar santo e contra a Lei; e nós o ouvimos dizer: Jesus o Nazoreu destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu. Fitando os olhos nele, todos os que estavam sentados no Sinédrio, viram seu rosto como o rosto de um anjo”.

Então Estevão, num longo discurso, evoca a história do povo de Israel, terminando com esta veemente apóstrofe: “Duros de cerviz e incircuncisos de corações e de ouvidos, vós sempre resististes ao Espírito Santo. Como vossos pais, assim também vós. Que profeta vossos pais não perseguiram: Mataram os que anunciavam a vinda do Justo, de quem agora vos tornastes traidores e assassinos, vós que recebestes por ministério dos anjos a Lei, e não a guardastes”.

Ao ouvirem estas palavras, os judeus exasperaram-se nos seus corações e rangiam os dentes contra ele. Mas Estevão, cheio do Espírito Santo, tendo os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava à direita de Deus, e disse: “Estou vendo os céus abertos, e o Filho do Homem em pé, à direita de Deus”. Então eles, “gritando em altas vozes, taparam os ouvidos, e todos juntos se lançaram sobre ele. Enxotando-o para fora da cidade, apedrejaram-no”. Desse modo esse verdadeiro anjo entregou sua alma imaculada ao seu Criador.

Informa-nos  Charles L. Souvay, na The Catholic Encyclopedia, que: “ Durante séculos, a localização da tumba de Santo Estêvão foi perdida de vista, até que (em 415) um certo sacerdote chamado Luciano soube por revelação que o corpo sagrado estava em Caphar Gamala, a alguma distância ao norte de Jerusalém. As relíquias foram então exumadas e transportadas, primeiro para a igreja do Monte Sion, depois, em 460, para a basílica erguida por Eudócia fora da Porta de Damasco no local onde, segundo a tradição, tinha ocorrido o apedrejamento. A opinião de que o cena do martírio de Santo Estêvão foi a leste de Jerusalém, perto do Portão chamado desde então o ‘Portão de Santo Estêvão’, é inédito até o século XII. O local da basílica construída por Eudócia foi identificado há cerca de vinte anos, e um novo edifício foi erguido sobre as antigas fundações pelos Padres Dominicanos”.