Entre os três Santos e dois Beatos que a Companhia de Jesus celebra hoje, o primeiro é São Bernardino Realino, nascido na ilha de Capri, na Itália, em 1530, proveniente da nobre linhagem dos Realino.
Sua primeira educação esteve a cargo da mãe, uma vez que o pai, estribeiro-mor de várias Cortes da Itália, se via obrigado a ausentar-se muitas vezes de casa. Entretanto, muito cedo Deus veio pedir ao menino o sacrifício dessa mãe que lhe era tão necessária.
Aos doze anos Bernardino terminou os estudos clássicos na Academia de Módena e, em 1548, começou o estudo de filosofia em Bolonha, desejoso de diplomar-se em medicina. A vontade de Clorinda, jovem com quem pretendia casar-se, levou-o a mudar de carreira dedicando-se ao Direito.
Assim, em 1556 doutorou-se no Direito civil e no Canônico. Com isso obteve o cargo de administrador da cidade de Felizzeno, e depois de advogado fiscal de Alessandria, no Piemonte, administrador em Cassino, e pretor em Castel Leone. E teria chegado muito mais longe, não fosse a graça de Deus ir germinando pouco a pouco em sua alma, fazendo-o desejar dar-se inteiramente a Si. A isso ajudou muito o fato de Clorinda ter morrido edificantemente em 1551. Bernardino declarou que ela, do céu, mostrava-lhe novos caminhos.
Um dia em que ele, ainda não decidido sobre que rumo tomar, caminhava pelas ruas de Nápoles, encontrou-se com dois religiosos cuja modéstia, compostura e santa alegria, o impressionaram vivamente. Informou-se sobre quem eram, e soube que pertenciam à Companhia de Jesus, que Inácio de Loyola acabara de fundar.
No domingo seguinte foi assistir a Missa na igreja desses Padres. Impressionou-o tanto o sermão, que ele quis fazer uma confissão geral com o pregador. Este exortou-o a fazer os Exercícios Espirituais para conhecer melhor a vontade de Deus. Do retiro Bernardino saiu decidido a entrar para uma Ordem religiosa. Mas qual?
O pensamento do pai ancião, que talvez precisasse ainda dele, o detinha ainda. Mas em setembro de 1564, estando rezando o terço diante de um altar de Nossa Senhora, apareceu-lhe a Mãe de Deus em meio a esplendores, e lhe recomendou que entrasse para a Companhia de Jesus. O que Bernardino fez no mês seguinte, sendo recebido pelo Provincial de Nápoles, o Pe. Afonso Salmerón, um dos principais companheiros do Fundador.
Por humildade Bernardino quis ser recebido como simples Irmão Leigo. Mas depois São Francisco de Borgia, terceiro Superior Geral dos Jesuítas, ordenou-lhe que recebesse o sacerdócio, e o nomeou Mestre de Noviços. Bernardino fez então a profissão solene em 1570, e dedicou-se ao apostolado em Nápoles, primeiro em uma Congregação de Nobres, depois com os rapazes da rua, no ensino do catecismo, nos hospitais, prisões e galeras.
Talvez sua obra predileta tenha sido a fundação de diversas Congregações Marianas, tanto para eclesiásticos, como para nobres, comerciantes, artífices e estudantes.
Tendo o dom da cura e do conselho, Bernardino era muito procurado como confessor. Mandado para Lecce, na costa do Adriático, lá ficou até o fim de seus dias, tão afamado, que vinham bispos, príncipes e cavalheiros àquela cidade só para ver “o Santo”. O papa Paulo V, o imperador Rodolfo II, o rei Henrique IV de França, os Duques da Baviera, Mantua, Parma e Módena, todos pediam-lhe por carta suas orações.
Quando São Roberto Belarmino, que não o conhecia, encontrou-se com ele, pôs-se de joelhos diante dele. Em seguida, os dois se abraçaram, compreendendo cada um a santidade do outro.
Enfim, no dia 2 de julho de 1616, São Bernardino Realino partiu desta vida exclamando: “Ó Santíssima Senhora minha!”. Tinha então 86 anos de idade. Foi beatificado por Leão XIII em 1895, e canonizado, juntamente com São João de Brito, em 1947, por Pio XII.
O Martirológio Romano diz dele neste dia: “Em Lecce, na Apúlia, São Bernardino Realino, confessor que, depois de exercer brilhantemente a magistratura, entrou na Companhia de Jesus, foi ordenado sacerdote, e se distinguiu pela caridade e milagres”.