São Pacômio nasceu no Egito no ano de 292, filho de pais pagãos cheios de superstições e idolatria, ao que, desde sua infância, Pacômio mostrou grande. Esse santo divide com Santo Antão a honra de ter instituído a vida cenobítica. Ao contrário dos eremitas, que se afastavam do contato do mundo para assim melhor buscar a Deus, o cenobita vivia em comunidade, sob uma regra. São Pacômio foi o primeiro a fixar por escrito as regras destes últimos.
Apenas saía da adolescência e ainda pagão, Pacômio foi alistado à força nos exércitos de Maximino Daia (308-313). Feito prisioneiro em Tebes, era confortado pelos cristãos locais, que desconhecia, sendo por eles alimentado em segredo. Tocado por essa dedicação a um estranho sem nenhum fim de lucro, Pacômio perguntou a um deles quem é que os mandava fazer o que faziam. Responderam-lhe que era o Deus que está nos céus. Nessa noite Pacômio rezou com os cristãos para esse Deus, sentindo-se inclinado a seguir essa doutrina tão bela.
Ao ficar livre, voltou ao Egito, instruindo-se na religião cristã, e recebeu o batismo.
Tendo depois sido informado que um ancião chamado Palemon servia a Deus no deserto, foi à sua procura, e colocou-se sob sua direção. Na época, os eremitas frequentemente se retiravam durante algum tempo para algum lugar mais remoto, e depois voltavam à sua antiga morada.
Com São Pacômio foi diferente, pois ele teve uma visão na qual lhe foi ordenado que ficasse onde estava, e que erguesse um mosteiro, pois “muitos, ansiosos de abraçar a vida monástica, virão para cá”. Ora, isso significava uma missão de substituir a vida eremítica pela cenobítica.
Os candidatos começaram a aparecer. Primeiro, seu irmão mais velho, e depois outros, mas todos empenhados em seguir no princípio a vida eremítica com pequenas alterações, como as refeições em comum, sugeridas por Pacômio. Com esses primeiros eremitas, Pacômio agiu com muita sabedoria, procurando que os cuidados da vida cenobítica não lhes fossem empurrados muito abruptamente. Ele se encarregou dessa parte, permitindo-lhes que dedicassem todo seu tempo aos exercícios espirituais.
O mosteiro, embora várias vezes ampliado, logo ficou pequeno, e um segundo foi fundado em Pabau. Um mosteiro em Chenoboskion juntou-se à Ordem e, antes da morte de Pacômio, já havia nove mosteiros para homens, e dois para mulheres.
Pacômio desejou que seus monges imitassem as austeridades dos eremitas. Elaborou uma regra – dizem que ditada por um anjo, que foi traduzida por São Jerônimo, e que ainda existe – que facilitava as coisas para os menos proficientes, mas não chegava ao mais extremo ascetismo dos mais proficientes. As refeições eram em comum, mas aqueles que desejavam se ausentar delas eram encorajados a fazê-lo, e pão, sal e água eram colocados em suas celas.
Pode-se dizer que, com São Pacômio, nasceu propriamente a vida monástica ou cenobítica, no Egito, sendo ele não mais um chefe carismático que agrega ermitãos reunidos em pequenos grupos em torno de si, mas reunidos em uma comunidade de religiosos, com regras precisas de vida em comum na oração, contemplação e trabalho, a exemplo dos primeiros apóstolos de Jesus.
São Pacômio curava várias doenças ou aflições, mas com uma condição: somente se fosse para o bem da alma. Dele diz o Martirológio Romano no dia de hoje: “No Egito, São Pacômio, abade, que construiu muitos mosteiros naquela região, e escreveu uma regra monástica, sob a inspiração de um Anjo”.
São Pacômio foi agraciado por Deus com o dom da profecia e dos milagres, e morreu no ano de 347, vítima de uma peste que assolava o Egito na época. Até o século XII, havia ainda cerca de quinhentos monges da Ordem de São Pacômio.