Este santo foi um dos maiores pregadores da Igreja em seu tempo, e sua eloqüência mereceu-lhe o nome de “crisólogo” ou palavra de ouro. Pouco se sabe de seus primeiros anos. Consta que nasceu pelo ano 380 em Ímola, na Itália, de pais católicos praticantes. Foi batizado, educado e ordenado diácono muito cedo pelo bispo de sua cidade, Cornélio, a quem ele chama de “pai”.
Depois de receber a ordenação sacerdotal, tornou-se tão grande pregador, que era amado não só pelos seus fiéis, mas também por Gala Placídia, irmã do futuro imperador Valentiniano III e regente do Império Romano. Foi a imperatriz que insistiu em que ele fosse arcediácono (vigário-geral encarregado, pelo bispo, da administração de uma parte da igreja) de Ravena, então capital do Império Romano do Ocidente.
Mais tarde, o Imperador usou sua influência para que ele se tornasse Arcebispo da mesma cidade, sendo consagrado pelo próprio papa Sisto III. Consta que o Príncipe dos Apóstolos apareceu em sonhos ao Sumo Pontífice, para indicar o santo para aquela Sé vacante.
A época em que viveu São Pedro Crisólogo foi muito tumultuada. Estando na capital do Império, os bárbaros godos, vândalos e hunos apresentavam-se diante de Ravena, e nela entravam queimando e saqueando. O Imperador tinha que fazer pactos com eles de modo muito precário. A Igreja via-se ameaçada. Surgiram várias heresias a respeito das naturezas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Felizmente, para o bem da Igreja e da verdade, o I Concílio de Éfeso em 431, no qual brilhou São Cirilo de Alexandria, definiu as duas naturezas, humanas e divinas do Filho de Deus.
Mas a paz ainda não veio para a Igreja, pois Eutiques, sacerdote de Constantinopla, começou a pregar que as duas naturezas de Jesus se haviam fundido numa só natureza. São Leão Magno lhe enviou uma carta na qual expôs magistralmente o dogma da Encarnação do Verbo. O heresiarca, conhecedor da influência de São Crisólogo na Igreja, escreveu-lhe tentando passá-lo para seu lado. O Santo lhe respondeu: “Li tristemente tua triste carta, e percorri com grande aflição teus torturantes escritos…. Tu não ignoras a que desvarios foi atirado Orígenes procurando os princípios, e Nestório disputando naturezas… Nós te exortamos, irmão honorável, a que te submetas ao que foi escrito pelo bem-aventurado Papa de Roma: porque São Pedro, que vive e preside na Cátedra, dá a verdade de fé aos que a procuram. Quanto a nós, afeiçoados que somos pela paz e pela fé, não podemos interpretar as causas da fé sem o consentimento do Bispo de Roma”.
Finalmente, o Concílio de Calcedônia, em 451, veio mais uma vez confirmar a doutrina reconhecida pelo de Éfeso.
Em 451, sentindo que chegava sua hora, São Pedro pediu dispensa do bispado, e retornou a Imola, onde havia iniciado sua vida sacerdotal. No dia seguinte á sua chegada, rezou Missa pela manhã na igreja de São Cassiano, e aos fiéis pediu para ser nela enterrado, perto do altar. Ao meio-dia, morreu serenamente.