(no Calendário tradicional: Nossa Senhora Rainha)
Foram os Franciscanos, no século XIII, os instituidores e primeiros propagadores da festa da Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel. Aprovada por Bonifácio IX em 1389, esta festa tornou-se universal em 1441, após ter sido sancionada pelo Concílio de Basiléia.
São Félix de Nicósia, Confessor
Este humilde irmão leigo capuchinho nasceu em Nicósia, na Sicília em 5 de novembro de 1715, filho do sapateiro Filippo Amoroso e de Arcangela La Nocera. O menino recebeu no batismo o nome de Felipe Jacó.
Quando tinha três anos, Felipe ficou órfão de pai. Crescendo, foi admitido a trabalhar, como o pai, na oficina da mais famosa sapataria da cidade, de João Ciavarelli. Muito esforçado, o adolescente aprendeu bem seu trabalho. Mas, como era muito piedoso, sentia-se muito mal à vontade com linguagem vulgar e indecente dos colegas. Como defesa, Felipe permanecia em silêncio, alheio ao que diziam. Essa atitude aos poucos fez prevalecer sua seriedade, impondo respeito e devoção aos seus companheiros de trabalho.
Felipe, por devoção a São Francisco, entrou na Associação religiosa conhecida como dos “Cappuccinelli”, espécie de Ordem Terceira dos Capuchinhos, cumprindo todos seus atos de piedade. Assim, estando no trabalho, quando ouvia soar o sino do convento vizinho, punha-se de joelhos, e convidava os outros a fazerem o mesmo. Dizia: “Esta soando as Completas no convento. Servos de Deus, digamos o santo rosário em louvor da Santíssima Virgem”.
Aos dezoito anos Felipe procurou o convento capuchinho de sua cidade, pedindo para ser recebido como irmão leigo, por ser analfabeto. Mas ouviu sempre recebeu retumbante negação, porque a pobreza de sua família exigia sua contribuição insubstituível para sua manutenção.
Passaram-se os anos, mas ele continuou sempre determinado a fazer-se capuchinho. Por isso, quando a mãe morreu, ele aproveitou a estadia do novo provincial dos capuchinhos, Padre Boaventura da Alcara, em sua cidade, suplicando-lhe que o recebesse num convento. Este acedeu, e designou-lhe o da cidade vizinha de Misttreta. Desse modo Felipe pôde, após dez anos de espera, tornar-se capuchinho como irmão leigo. Em honra de São Félix de Cantalício, ele tomou o nome de Frei Félix de Nicósia.
É bem sabido que São Félix de Cantalício foi o primeiro santo capuchinho, e contribuiu muito para dar um tom particular de simplicidade, humildade, pobreza e alegria à santidade capuchinha, tornando-se quase um modelo insubstituível para muitos irmãos leigos.
Após o ano do noviciado em Mistretta, Frei Félix de Nicósia foi designado para a sua cidade natal onde, como seu santo patrono, foi designado para pedir esmolas para o convento. Durante toda sua vida, salvo quando exerceu algumas outras ocupações temporárias, ele dedicou-se a essa função, tornando-se na cidade uma presença querida por sua espiritualidade enraizada e humildade.
Com seu homônimo de Cantalício, ele teve coincidências surpreendentes: ambos entraram para o noviciado aos 28 anos, fizeram sua profissão aos 29 anos, mendigaram por 43 anos, ele em sua Nicósia nativa, e São Cantalício em Roma, e morreram ambos aos 72 anos.
Além de pedir esmolas para o convento, como dissemos, São Félix de Nicósia entregava-se a muitas ocupações, como a de porteiro, jardineiro, sapateiro, enfermeiro. Mas sua ocupação principal era mesmo a de pedir esmolas. Ele as pedia de casa em casa, muito recolhido e mortificado, silencioso, o rosário na mão, e sempre na presença de Deus. A única palavra que dizia ao pedir a esmola, era pedi-la “Pelo amor de Deus”. O santo definiu-se como sendo o burrinho do convento, que chega carregado após a mendicância, como os carreteiros sicilianos faziam.
Nesse sentido, afirma seu biógrafo, padre Florio Tessari: “Analfabeto, mas não de Deus e de seu Espírito, Félix entendeu que o segredo da vida não consiste em indicar a Deus, com força, a nossa vontade, mas em fazer sempre alegremente a vontade divina. Essa simples descoberta lhe permitiu ver sempre, em tudo e apesar de tudo, Deus e seu amor, particularmente onde é mais difícil identificá-lo. Deixando-se somente invadir e preencher-se de Deus, ia imediatamente ao coração das coisas, à raiz da vida, onde tudo se recompõe na sua originária harmonia. Para fazer isso não precisa muita coisa, não precisa tantas palavras. Basta a essencial sabedoria do coração onde habita, fala e age o Espírito”.
Mas o santo não se limitava o pedir esmolas, pois estando nas ruas, instruía as crianças, dando-lhes os fundamentos do catecismo. E, para atraí-las, dava-lhes pão e feijão. Para isso tinha seu próprio método prático: Dos bolsos, sempre bem fornidos, tirava pequenos presentes para as pobres crianças desnutridas e mal vestidas. Ora uma noz, ou três avelãs para lembrar àquelas crianças do Deus uno em três pessoas, cinco favas representando as cinco chagas de Jesus Crucificado, dez grãos-de-bico os dez mandamentos de Deus, etc. Como São Félix de Cantalício nas ruas de Roma, ele também ensinava às crianças e ao povinho canções graciosas cheias de pensamentos divinos, orações e atos de virtudes teológicas. São Félix de Nicósia estava sempre pronto a atender e servir os doentes, dia e noite. A cada domingo visitava os prisioneiros nos cárceres e lhes levava algum auxílio.
Quando suas forças diminuíram aos 72 anos, seu recolhimento em Deus e sua obediência alegre, feliz e simples, aumentaram em intensidade. Se foi dito de São Francisco de Assis que havia se tornado a personificação da pobreza, de Frei Félix poder-se-ia dizer que tornara-se a obediência em pessoa.
No final de maio de 1787, o “burro do convento”, desceu ao claustro para cuidar das ervas medicinais que cultivava para os doentes, quando caiu sem forças no canteiro de flores. Levado quase agonizante para seu pequeno leito, o santo recebeu os últimos sacramentos. E para praticar até o fim a santa obediência, pediu ao seu Superior que lhe desse como obediência, que ele partisse para o céu. São Félix de Nicósia morreu assim no dia 31 de maio desse ano de 1787.
Félix de Nicósia foi beatificado pelo Papa Leão XIII em 12 de fevereiro de 1888, e canonizado por Bento XVI em sua primeira cerimônia de canonização, em 23 de outubro de 2005, na Praça de São Pedro.