Desses dois mártires, diz no dia de hoje o Martirológio Romano: “Em Roma, na antiga Via Salária, no cemitério de Basila [mais tarde Catacumba de São Hermes], o natalício [para o céu] dos irmãos mártires Proto e Jacinto, eunucos da bem-aventurada Eugênia. Descobertos como cristãos, sob o imperador Galieno, receberm ordem de sacrificar. Como recusassem fazê-lo, foram duramente açoitados, e logo em seguida degolados”.

A tradição narra a vida desses dois irmãos de um modo meio lendário. Como diz o Martirológio, eram dois irmãos eunucos de Eugênia, filha do nobre romano Felipe, prefeito de Alexandria no Egito. Convertida ela ao cristianismo, teria cedido os dois irmãos à outra virgem nobre, Bassilla, para instruí-la na fé. Denunciada pelo ex-noivo, todos foram martirizados. O que essa legenda tem de verdadeiro é que a existência e o martírio desses primeiros cristãos foi historicamente comprovada.

Pois, sobre o pai de Eugênia, Felipe, diz o Martirológio no dia 13 de setembro: “Em Alexandria, o natalício do bem-aventurado Felipe, pai de Santa Eugênia, virgem. Depois de renunciar à dignidade de prefeito do Egito, recebeu a graça do batismo. Enquanto fazia oração, foi degolado por ordem do prefeito Terêncio, seu sucessor”. De sua filha, diz o mesmo Martirológio no dia 25 de dezembro: “Em Roma, no cemitério de Aproniano, Santa Eugênia, virgem, filha do bem-aventurado mártir Felipe. Depois de dar muitas provas de virtude e de levar a Cristo inúmeros grupos de santas virgens, teve porfiada luta sob o guante de Nicécio, prefeito da cidade, e foi finalmente degolada à espada no tempo do imperador Galieno”. E de Santa Basila, diz o Martirológio no dia 20 de maio: “Em Roma, na Via Salária, o natalício de Santa Basila, virgem de sangue real, noiva de um homem nobilíssimo. Como não quisesse desposá-lo, foi por ele acusada como cristã. O imperador Galieno sem mais decretou que recebesse o esposo ou que morresse a fio de espada. Ao saber tal decisão, a virgem respondeu que, por Esposo, já tinha o Rei dos reis. Foi então traspassada com a espada”.

Segundo diz a The Catholic Encyclopedia, Santos Proto e Jacinto mais Santa Eugênia foram martirizados durante a perseguição de Valeriano. Isso não apresenta dificuldade uma vez que Galieno, que é citado pelo Martirológio, era filho de Valeriano, que o associou ao governo.   Ainda de acordo como Catholic Encyclopedia, quando da descoberta da relíquias dos dois irmãos, comprovou-se que eles, a contrário do que diz o Martirológio Romano, eles não foram degolados, mas queimados vivos pelo ano de 257. Os seus poucos ossos que escaparam às chamas, foram envoltos pelos cristãos em fino tecido, e colocados no cemitério de Santo Hermes, na antiga Via Salária, em Roma.

Como a câmara funerária em que foram sepultados se tinha tornado inacessível no século IV, o Papa São Damaso (304-384) mandou desobstruí-la, colocou nela um lampadário, e construiu-lhe uma escada de acesso, com um epitáfio escrito por ele.

Quando no século IX o papa Leão IV (847-55) transferiu os ossos de um grande número de mártires romanos das catacumbas para igrejas da cidade, as relíquias desses dois santos deveriam também ser trasladadas. Mas provavelmente, devido a uma devastação da câmara mortuária, só o túmulo de São Proto foi encontrado, e seus ossos transferidos para a igreja de São Salvador no Palatino.

Em 1845, depois de muitas pesquisas nas catacumbas, o Pe. Marchi descobriu o túmulo de São Jacinto numa cripta da catacumba de São Hermes. Era um pequeno nicho quadrado, no qual estavam as cinzas e pedaços de ossos queimados, envoltos em restos de preciosos tecidos. O nicho estava fechado por uma placa de mármore, que trazia uma inscrição original, provavelmente a escrita por São Damaso, que confirmava a data do martírio do Santo, no antigo Martirológio, e dizia: “Sepultado no terceiro dos idos de setembro, Jacinto, mártir”. Mais tarde, em 1849, os ossos de São Jacinto foram colocados na capela da Propaganda, sobre o Janículo, enquanto que os de São Proto estão na igreja de São João dos Florentinos.