Desconhecido no Brasil, São Pedro Fourier foi entretanto um grande santo, em algo semelhante ao Cura d’Ars como pároco, a São João Bosco como fundador, a São Pedro de Alcântara como reformador, e a Santo Afonso de Ligório como missionário.

Conhecido como O Bom Pai de Mattaincourt, São Pedro Fourier nasceu em Mirecourt, na Lorena, no dia 30 de novembro de 1565. Aos 15 anos foi enviado à Universidade de Pont-à-Mousson. Sua piedade e saber levaram muitas famílias nobres a pedir-lhe que educasse seus filhos. Ele se tornou Cônego Regular de Santo Agostinho na Abadia de Chaumousey, onde foi ordenado em 1589.

Em 1597 São Pedro se tornou vigário de Mattaincourt. Essa cidadezinha, a par da indiferença religiosa, estava muito influenciada pelo calvinismo por causa de relações comerciais com Genebra, a ruidosa capital dessa heresia na época. São Pedro Fourrier logo constatou que a ignorância religiosa, a sede de prazeres, a heresia e o ateísmo haviam criado profundas raízes na cidade.

Antecedendo ao Santo Cura d’Ars em quase 200 anos, ele começou a reconquistar seus paroquianos, um a um. Ia visitá-los em suas casas, procurando reunir três ou quatro famílias às quais ensinava os preceitos do Evangelho. Inculcava-lhes assim de tal maneira os princípios de nossa salvação, que emocionava os assistentes.

Mas havia também a conquistar os “espíritos fortes” da cidade. Depois de muito rezar e fazer penitência por eles, Pedro Fourier tomava uma atitude extremamente caridosa: ia à casa desses ímpios e, com uma voz tonitruante, autoridade e firmeza, os exprobrava por sua impiedade a se confessarem. Depois, no tribunal da penitência, ele obtinha mais duradouros frutos.

Todos sabiam que o pároco era tudo para todos. Estava sempre pronto, a qualquer hora do dia ou da noite, a atender qualquer caso. Visitava os doentes e também as escolas, informando-se da conduta dos alunos, aperfeiçoando-lhes os métodos, e ensinando ele mesmo o catecismo às crianças.

Os artesãos e comerciantes caídos em desgraça eram por ele socorridos. Para isso criou um fundo, chamado de Bolsa de São Evre. Os nobres empobrecidos e envergonhados também encontravam nele um apoio seguro.

Houve um projeto de São Pedro Fourier que seria muito apropriado para os nossos dias, especialmente para o Brasil, onde todos se afogam numa infinidade de leis e processos. O santo via que, quanto mais se multiplicavam os oficiais de justiça, tanto mais lentos eram os processos. Ele adotava a máxima de Santo Agostinho: “Não processos, ou terminá-los depressa”. E concebeu uma associação na qual se engajariam os personagens mais nobres e mais influentes da cidade. Acompanhados de alguns advogados escolhidos entre os mais hábeis, deviam trabalhar para terminar amigavelmente entre as partes conflitantes os litígios e dificuldades surgidas. Assim se reduziu consideravelmente o número de processos na cidade.

Um grupo de donzelas por ele dirigidas, sabendo que o santo tencionava fundar uma congregação religiosa para ensino das moças, decidiram-se consagrar-se a Deus nessa obra. Surgiu assim a Congregação de Nossa Senhora das Cônegas Regulares de Santo Agostinho, que logo se espalhou pela Lorena e pela França.

A caridade de São Pedro Fourier era, entretanto muito mais ampla, e abraçava outras obras de apostolado. Por isso, em 1621 ele se pôs a trabalhar na reforma da decadente Ordem dos Cônegos Regulares, numa antiga abadia de São Remígio, de Luneville, com seis noviços. Deus abençoou de tal modo essa empresa que, quatro anos depois, já oito casas das mais consideráveis abraçavam sua reforma. Em 1629 formaram a Congregação de Nosso Salvador.

São Pedro Fourier, por motivos políticos se mudou para o Franco Condado, então espanhol, onde faleceu no dia 9 de dezembro de 1640.

         Dele fala o Martirológio Romano Monástico neste dia: “Em Mattaincourt, na diocese de Toul, São Pedro Fourrier, sacerdote. Após brilhantes estudos feitos no colégio dos jesuítas de Pont-à-Mousson, onde se ligou por amizade com os futuros reformadores dos premonstratenses e dos beneditinos da Lorena, entrou para a Congregação dos Cônegos Regulares, à qual dedicou sua vida, e criou com a bem-aventurada Alice Leclera, a Congregação educadora das Cônegas de Nossa Senhora.